26.12.06

 
Receita para um natal feliz

Decore sua casa com muitas luzinhas pisca-pisca (imprescindível para ter um natal brilhante e deixar seu vizinho depressivo com inveja).

Ponha no centro da mesa um panettone Bauducco (mais molhadinho; fermentação natural).

Compre várias frutas tropicais, como nozes, avelãs e ameixas.

Sirva vinho Dom Bosco, o vinho da família.

Dê bastante Coca-Cola para as crianças. Afinal, Coca-Cola é isso aí.

Use aquele jogo de jantar caríssimo que você comprou, mas nunca usou com sua família.

Compre um peru Sadia (É saudável. É Sadia) de pelo menos cinco quilos (pra ninguém sair da sua casa reclamando que faltou peru) e prepare seguindo rigorosamente as instruções da embalagem (só deixe no forno umas três horas a mais).

Faça a emocionante brincadeira do amigo secreto (mesmo que você não tenha nenhum amigo).

Incremente a farofa com todos os pedaços que tiraram de você durante o ano.

Reúna muitos familiares e amigos (opcional).

Toque a música “Noite feliz”.

Pronto, agora é só ser feliz.

19.12.06

 
Como é que chama isso aí sem nome?

Como é que chama isso aí sem nome
quando:
a dor do tapa atenua a palavra que o precedeu
o sentimento da perda é maior do que tudo que se ganha
o carinho é proporcional ao tamanho da herança
a paixão, tão ardente que era, hoje serve de gelo pros nossos uísques
a vontade é tamanha, mas a realidade é tacanha
e o desejo deixa a desejar
quando:
a sorte nos presenteia com um azar constante
a saúde saúda a doença
a doença já não tem mais corpo pra debilitar
a crença não crê nem mais na esperança
a esperança cansou de ficar esperando
e a vida cansou de si mesma
quando:
refletir só leva ao auto-destruimento
a mente mente compulsivamente
os filósofos filosofam entre uma chacina e outra
nossa geração se degenera a cada era
o que era não é pior do que o que terá sido
quando:
chegar a hora em que tudo isso aí sem nome não tiver ninguém pra chamar.

11.12.06

 
Networking

─ Não acredito, até ele veio?
─ E aí, cara, como é que tá?
(abraços fortes)
─ Nossa, faz 12 anos que a gente não se vê...
─ É, você não ligava nunca.
─ Fala, Marcião!
(abraços fortes)
─ Pô, você engordou, hein?
─ Foi só virar gerente que a barriga dele cresceu mais do que o salário.
─ E, você, tá na mesma empresa?
─ É, ainda tô como assistente lá...
─ Olha, só, o Giba de gravata.
─ Fala, Giba!
(abraços fortes)
─ Que mudança é essa?
─ Eu montei um escritório, casei, tive dois filhos.
─ E eu terminei um namoro no mês passado...
─ Oi, meninos...
─ Marcinha!!! Que bom que você veio!
(abraços fortes)
─ Não ia perder o encontro anual da turma.
─ Cara, mudando de assunto, a Carla continua gostosa pra caralho.
─ Acho que ela se separou...
─ E você, o que tem feito?
─ Bom, eu tava numa empresa e agora eu tô tentando dar umas consultorias e... pérai.
─ Alô, Pedro?
─ Meu, o irmão do Bruno foi atropelado e o velório tá rolando agora. Vamos lá dar uma força?
─ Desculpa, agora não vai dar. Eu tô fazendo networking.

5.12.06

 
Cemitério


Família Amadeo.

Família Bento Dias.

Família Giuseppe.

Família Alcântara Correa.

Saudades do amigo Pedro e família.

Família Matos Silva.

Família Penna Firme.

Família Bianco.

Família Buarque de Azevedo.

Família Castro Neves.

Com os sentimentos do amigo Léo e família.

Família Dias de Souza.

Família Alencastro Guimarães.

Família Gonçalves de Meneses.

Família Albuquerque.

Família Silva Bueno.

Família Fonseca Távora.

Descanse em paz. Amiga Vânia e família.

Família Toledo.

Família Guerra de Moraes.

Família Holanda Cerqueira.

Família Hishikawa.

Família Augusto Mendes.

E eu não tenho nem família e nem amigos pra poder morrer.

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