31.3.21
Colapso
Hospitais colapsados recusam doentes só aceitos pela morte.
Leitos de UTI descamam pacientes sem paciência nenhuma pro caos.
Médicos surtados fazem apelos tão desesperados quanto desencontrados.
Ninguém encontra receita pras vidas que vêm e vão mais leves no caixão.
Só dizem: “leve no caixão”.
Que pesa na consciência feito estaca que entra pelos olhos e sai nos vãos da cegueira de quem desvê a realidade.
Realidade tão visível que cega só de olharmos pra ela.
Vítimas da medusa, viramos pedra amontoada em tantas lápides delapidadas.
O Poder finja que nos vacina enquanto se ocupa em nos foder.
Imunizados pela lentidão do descaso, tomamos a 2ª dose do coito que entuba os coitados.
Cavalares, as doses da morte nos emburrecem a ponto de perdemos a conta de quantos já perdemos.
Recorde após recorde, nem lembramos mais por que morremos no pódio do ódio.
Num genocídio infinito, já não temos corpos pros milhares de almas penadas.
E depenadas por um governo cujo lapso é sempre nos esquecer no colapso.