20.9.06

 
Cada um tem seu par


Quando se deu conta, viu que era a única pessoa sozinha no bar. Todos estavam com amigos, parentes, namorados, cônjuges, amantes e todos os tipos de relacionamento que ela nunca entendeu por qual mágica se formavam. Sentia que tinha uma espécie de ímã às avessas, que repelia as pessoas de si.

Já se perguntara se era seu cheiro. Sua voz. Sua aparência. Considerava-se normal. Simpática até. Mas algo nela a isolava dos outros.

Tal como agora em que ela, cansada de se sentir só no meio da multidão, pede a conta, mas vê o garçom saindo do bar sem trazer o troco. E vê que as pessoas vão saindo e a deixam (ainda mais) sozinha.

E põe-se a atravessar as ruas parando nos faróis desnecessariamente, pois os motoristas largam os carros nos cruzamentos e vão embora, e percebe que não há ninguém nas calçadas e que a avenida Paulista está deserta e desce a Consolação com uma vontade louca de entrar no cemitério, onde também não há ninguém, exceto um coveiro que a aguarda impaciente.

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