6.9.06

 
Como cheguei até aqui

De manhã, dor de cabeça. Estômago empacotado. Gosto de vômito na língua. E na memória, nada.

Nenhuma lembrança do que aconteceu ontem depois do terceiro copo.

E devem ter acontecido muitas coisas. Pelo menos é o que os machucados na testa, no cotovelo e no joelho falam. O que revela a roupa banhada de um vômito azedo e de uma cor fora de moda. O que demonstra o sorriso irônico do porteiro (como se porteiro tivesse direito de ter sorriso irônico). E o que diz a carteira que antes estava cheia de dinheiro e agora é puro ar.

O mesmo ar que me falta depois que ela se foi. E que preenche os copos que eu deixo vazios ao tentar preencher o vazio da ausência dela aqui.

E agora, além de não lembrar como cheguei aqui, também não lembro por que saí.

Talvez tenha sido porque a lembrança dela ─ que ao contrário do que aconteceu ontem eu tento esquecer, mas não consigo ─ me dá a mesma vontade que eu estou começando a sentir de novo de sair e ir pro bar mais perto.

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