17.10.06
Amuleto de mim
“Que o ser humano possa ser seu próprio amuleto” (?)
Nietzsche
Transformar o coração em pedra.
Petrificar mais a pedra que esse coração virar.
Revolucionar todos os compêndios de medicina e livros de anatomia.
Transformar os mais sangrentos boletins de ocorrência em canções de ninar.
Originar manchetes de jornal que vão escandalizar a população como nunca, e vender jornal como nunca.
Exigir que o seguro pague a perda total desse coração sinistrado que, de tanto ficar marcando passo, nem marca-passo resolve mais.
Fazer das tripas coração para que o coração seja cada vez mais tripa e menos coração.
Transplantá-lo a níveis nunca vistos de maldade, capazes de causar rejeição no corpo do mais cruel dos criminosos.
Bombeá-lo não com sangue, mas com nitroglicerina, até que os vasos sangüíneos bombardeiem vasos sanitários.
Torná-lo um bunker impenetrável, impedindo que entre qualquer emoção e vedando-o contra vazamentos de choro.
Até esse coração ficar tão duro que vire um amuleto de mim.
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E nas terras brandas do Império das Causas Perdidas, lugar este que foi decretado ao mesmo tempo a extinção dos últimos deuses, da fé, dos clichês, das aspas, abreviações e quisiras.
O decreto fora assinado pelos presentes reis que só não estão na cadeia por terem adquirido ao nascerem habeas corpus vitalícios.
E Cristo, aquele que desceu da cruz e salvou todas as prostitutas do inferno, deixando órfão os não-nascidos, se percebeu sem função, desempregado. Terminou sua jornada como barman.
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O decreto fora assinado pelos presentes reis que só não estão na cadeia por terem adquirido ao nascerem habeas corpus vitalícios.
E Cristo, aquele que desceu da cruz e salvou todas as prostitutas do inferno, deixando órfão os não-nascidos, se percebeu sem função, desempregado. Terminou sua jornada como barman.
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