12.6.07

 
Casamento I

(ler com sotaque curitibano)



Na vizinhança, olhar estranho.

Na trinco, duas voltas pra complicar.

Na sala, catinga de macho.

No quarto, meu chinelo nunca no lugar.

Ela? Perfumada que só. E pra mim nem banho.

“Bandida! Tá indo se lavar pra tirar o cheiro do outro?”

Sem resposta, a mardita chora por um tapinha.

No que tentou descontar, meu sangue subiu.

“Agora vou te lavar, sua puta!”

Gastei minha pinga na vadia e taquei o fósforo.

A bruxa é tão ruim que nem pra carvão serve.

No quarto, o diabinho-de-olho-azul-de-não-sei-quem berrava. Fosse meu nem chorava.

“Vá, sua vadia, cuidar desse traste que nem meu deve ser!”

“Antes, café!”

Se não ficar pronto em cinco minutos, quero nem ver.

Deixo de ser um bom marido e não respondo por mim.

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