14.8.07

 
A volta

(ou A vida não é Algodoal)


Acorda sem vontade de acordar.

Levantar da cama pra quê?

O corpo e o cérebro já adivinhando o choque térmico e psíquico.

Na sala, sozinho, sai na sacada ainda tentando se libertar. É recepcionado pelo céu (?) plúmbeo, gélido e garoento de São Paulo. Não agüenta ficar comparando esta à imagem de outrora.

Na cozinha, as coisas como sempre parecem que nunca foram como sempre. O café com leite do seu jeito e o pão e as bolachas e as frutas de que gostava agora tinham o gosto do desgosto.

No pulso, o peso do relógio que há semanas não usava o re-corda que a liberdade tem hora marcada e não pulsa mais.

No dia, oito horas já não seriam suas.

No trabalho, a prévia certeza do cansaço e da pressão sempre muito maior do que 12x8.

Na parede, a porta por onde teria de passar e ir exatamente aonde não queria.

Na memória, lembranças de como a vida pode ser tão diferente desta que não é.

No pescoço, nunca o nó da gravata o enforcou tanto.

Nos olhos, quase uma lágrima.

No destino,

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