30.10.07

 
Janela

Inspirado no filme “Jogo de cena” do Eduardo Coutinho

Resolvi abrir a janela de novo.

Até então o quarto estava do jeitinho que ele deixou. Nunca mudei nada. Mas aí um dia eu sonhei com ele no corredor do hospital, e ele me disse “mãe, não precisa mais sofrer, eu tô bem, eu tô bem”. Parecia tão real que era como se ele estivesse na minha frente aqui agora. Nesse dia virei pra minha filha e falei: “as coisas vão mudar aqui em casa”.

Decidi deixar a luz entrar.

Eu, que não vivia nem pra mim, agora vivo em função da minha filha. Porque aquela minha vida não era vida, não. Enraizada em casa como árvore decepada no meio da sala? Sabe, Deus é bom. Quer dizer, comigo Ele não foi bom, não, mas é bom. Fico olhando pro céu e hoje percebo como um dia pode ser bonito. Aí, enxugo as lágrimas, levanto a cabeça e por alguns segundos até esqueço de tudo o que passou.

De quase tudo o que passou.

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