26.2.08
O segredo
Uma fábula dos nossos tempos
Quis tomar as rédeas do destino, mas o jumento saiu em disparada.
Aí, lembrou-se dos valiosos ensinamentos e pensou com força, mas com tanta força, que...
Coincidência ou não, o animal parou, olhou pra trás e acenando contrariado disse:
─ Peraí! Eu sou jumento, mas não sou burro!
─ O quê???
─ É isso mesmo. Porque você fica lendo esses livrinhos de primário e pensa que acha que sabe de alguma coisa.
─ ...
─ Sim, porque segundo Kierkegaard...
─ Que o quê?
─ Ai, ai, ai... KI-ER-KE-GA-ARD! Segundo ele a humanidade está inerentemente condenada à queda e ao fracasso, dos quais só pode deixar de sucumbir “separando-se da oferta da razão” e atingindo o “salto qualitativo”, que precede um novo estado de possibilidades e angústias, no qual “pecado e graça estão paradoxalmente unidos”.
─ Ah, tá...
─ Bom que tenha entendido.
─ Acho que sim.
─ Agora, enquanto compro fraldas pra você, ponha a sela e o cabresto.
─ Por quê?
─ Porque cansei de fingir que não domo seu destino.
Aí, lembrou-se dos valiosos ensinamentos e pensou com força, mas com tanta força, que...
Coincidência ou não, o animal parou, olhou pra trás e acenando contrariado disse:
─ Peraí! Eu sou jumento, mas não sou burro!
─ O quê???
─ É isso mesmo. Porque você fica lendo esses livrinhos de primário e pensa que acha que sabe de alguma coisa.
─ ...
─ Sim, porque segundo Kierkegaard...
─ Que o quê?
─ Ai, ai, ai... KI-ER-KE-GA-ARD! Segundo ele a humanidade está inerentemente condenada à queda e ao fracasso, dos quais só pode deixar de sucumbir “separando-se da oferta da razão” e atingindo o “salto qualitativo”, que precede um novo estado de possibilidades e angústias, no qual “pecado e graça estão paradoxalmente unidos”.
─ Ah, tá...
─ Bom que tenha entendido.
─ Acho que sim.
─ Agora, enquanto compro fraldas pra você, ponha a sela e o cabresto.
─ Por quê?
─ Porque cansei de fingir que não domo seu destino.