15.7.08

 
Sim para não



Poderia ter sido presente de aniversário, lembrança de alguém distante, acariciando seus ouvidos e dançando em sua mente o som de uma mensagem tão, tão aguardada, mas nunca falada.

Desmistificando seus anseios, brindar-lhe-ia com o pó de suas dúvidas, até que no final duvidasse que um dia já duvidou daquilo.

Mas a neblina de seus temores chove agora em todo o seu ser, alagando certezas e convicções que em sua inocência imaginara ter, se não insistisse em descortinar a realidade que já sabe, de antemão, real.

Se não para sim, falaria de falácia contra si mesmo, pessimismo exacerbado, vocação pro sofrimento e uma vontade irrefreável de se ver como seu próprio inimigo.

Se sim para não, a recíproca, aquela que tanto almejara, alveja-o agora com sua ausência, desmoronando possibilidades tão fragilmente arquitetadas.

Se não para não, fica a realidade que se apresenta pra você como um presente quebrado e inesperado.

E sem esperança.

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