17.12.08
Caixinha de natal
Ao contrário do que pensa, não há nenhum dinheiro nesta caixinha.
Essa nota de cinqüenta que você acabou de colocar, pra mim não é nada. Não representa nem um centavo de cada um dos 365 dias de sacrifício que faço pra aturá-lo.
Não vale um dente do sorriso forçado que dou, enquanto fico de pé lá fora até nos dias de frio intenso e chuva, quando você chega com seu carrinho do ano e uma garota do lado. Não paga a piadinha que fez quando saiu de novo depois de comê-la (juro que ouvi: “olha como treme aquele trouxa ali”) e o riso de deboche da putinha pra mim.
Não compensa a vida que arrisco aqui pra proteger esse seu patrimônio que dá mil vezes meu salário. Em dez encarnações.
Ou a úlcera que explode em meu estômago todas as vezes que pede uma pizza e eu não tenho grana nem pra pagar uma coxinha.
Muito menos a dor nas pernas que sinto enquanto você estica as suas na beira da piscina.
Esta caixinha não é de natal. Ela é minha vontade de transformá-la no seu caixão.
Ao contrário do que pensa, não há nenhum dinheiro nesta caixinha.
Essa nota de cinqüenta que você acabou de colocar, pra mim não é nada. Não representa nem um centavo de cada um dos 365 dias de sacrifício que faço pra aturá-lo.
Não vale um dente do sorriso forçado que dou, enquanto fico de pé lá fora até nos dias de frio intenso e chuva, quando você chega com seu carrinho do ano e uma garota do lado. Não paga a piadinha que fez quando saiu de novo depois de comê-la (juro que ouvi: “olha como treme aquele trouxa ali”) e o riso de deboche da putinha pra mim.
Não compensa a vida que arrisco aqui pra proteger esse seu patrimônio que dá mil vezes meu salário. Em dez encarnações.
Ou a úlcera que explode em meu estômago todas as vezes que pede uma pizza e eu não tenho grana nem pra pagar uma coxinha.
Muito menos a dor nas pernas que sinto enquanto você estica as suas na beira da piscina.
Esta caixinha não é de natal. Ela é minha vontade de transformá-la no seu caixão.