2.12.08

 
A gente não se bate muito


Eu só cuido da filha dela. Ela mora por aí, com umas pessoas estranhas. Quase não vem visitar a menina. A coitada já me chama de mãe e às vezes até se esquece da outra. Mas lembrar também pra quê? Não contribui com nada. Não dá presente. Não aparece nem no aniversário. Mal repassa a grana da pensão do pai. Que também é outro desajustado. Torra quase tudo em cigarro e em barzinho. E eu fico aqui. A trouxa. Cuidando. Dando de comer. Lavando fralda suja e roupa pra fora para sustentar a casa. Como fiz a vida inteira. As coisas são assim, né? Olha, falando nisso, eu tô com uma panela no fogo. Tenho que desligar. Não tenho o celular novo dela, não. A gente não se bate muito. Aliás, bati muito nela quando ela era criança. Adiantou? Nada. Taí, batendo cabeça na vida. Você quer mesmo falar com ela? Sei lá, moço, tanta garota boa nesse mundo. Respeitadora. De igreja. Você parece ser uma pessoa de bem. Tá interessado logo na minha filha?

Comments:
Nada como uma verdadeira verdade!
 
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