23.12.08

 
Quando a cama quebrou

“Cada minuto de céu é pra ter
Um gosto melado do seu suor
Salgado pedaço de um amanhecer”
Otávio Toledo, cantado ao vivo por Bruna Caram


Quando a cama quebrou, a gente não se agüentava em si, e si inexistia, por não nos reconhecermos dois naqueles momentos onde um era o outro e não éramos nada menos do que tudo.

Os desejos não só falavam como gritavam mais forte, abafando convenções, vergonhas, medos e os comentários de quem não entendia nossa eterna urgência.

As vontades eram sabidas, adivinhadas, repetidas e intensificadas até o intenso instante que parecia nunca chegar, e tão bom que não viesse, e melhor que demorasse, e ótimo ter finalmente eclodido num estrondo que pôs corpos e almas no chão e os ouvidos da rua em alerta.

Sossegados de tanto desassossego, não falamos palavra, que a cena dizia por si, num palco onde não era preciso interpretar.

Quando a cama quebrou, eu e você não tínhamos nos despedaçado ainda.

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