4.2.09
O pedido II
Fez uma cara de espanto tão grande que até a secretária, do tipo que recebe o dobro do salário por ser gostosa, percebeu.
Cumprimentou a mão que estendi como quem pega em cocô.
Depois, me olhou de cima a baixo como se estivesse procurando a marca da roupa.
Tinha um sorriso sarcástico e impaciência na cara e nos pés. Não fez uma pergunta. Era todo monossilábico. E pensar que esse corno dizia que era meu melhor amigo.
Procurei ser o mais simpático possível. Perguntei da esposa, dos filhos. Falei dos nossos tempos do curso, das festas, dos barzinhos. Agradeci as colas que ele passava. Elogiei até a aparência dele, apesar da feiúra e das rugas. Só por muito dinheiro pra ter conseguido se casar com uma mulher tão linda. Um bocó que antes não pegava nem a faxineira da faculdade.
Mas ele, nada. Parece que tava adivinhando o que eu tinha ido fazer lá.
Antes mesmo de ouvir o que eu ia pedir, o filho da puta disse que negaria.
E meu revólver coçando mais do que nunca na cintura.
Fez uma cara de espanto tão grande que até a secretária, do tipo que recebe o dobro do salário por ser gostosa, percebeu.
Cumprimentou a mão que estendi como quem pega em cocô.
Depois, me olhou de cima a baixo como se estivesse procurando a marca da roupa.
Tinha um sorriso sarcástico e impaciência na cara e nos pés. Não fez uma pergunta. Era todo monossilábico. E pensar que esse corno dizia que era meu melhor amigo.
Procurei ser o mais simpático possível. Perguntei da esposa, dos filhos. Falei dos nossos tempos do curso, das festas, dos barzinhos. Agradeci as colas que ele passava. Elogiei até a aparência dele, apesar da feiúra e das rugas. Só por muito dinheiro pra ter conseguido se casar com uma mulher tão linda. Um bocó que antes não pegava nem a faxineira da faculdade.
Mas ele, nada. Parece que tava adivinhando o que eu tinha ido fazer lá.
Antes mesmo de ouvir o que eu ia pedir, o filho da puta disse que negaria.
E meu revólver coçando mais do que nunca na cintura.