23.4.09

 
Há coitados açoitados no trem


Podia ser só um trem de ferro em que se ferram pobres de subúrbios segregados. Mas nele há coitados açoitados que ouvem na pele o ranger não dos trilhos, mas das chibatas da iniciativa duplamente privada.

Ao embarcarem num trem fantasma pior do que a realidade que desvivem, espremidos como bagaços cansados, são castigados por terem saído da linha da vida.

Quando as portas são abertas, em vez de encontrarem a saída, deparam com feitores modernos que os fazem lembrar que a escravidão ainda não acabou, pois não importa de que cor sejam, nunca terão a cor do dinheiro.

Para a empresa, em cada vagão em que vagam esses vagabundos, há apenas rebanhos tacanhos que precisam ser tangidos e tocados por alguns trocados.

No lucro dessa paga e no percurso dessa praga trilha gente sem caminho e cujo único destino é ser marcada a ferro, fogo e logro.

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