9.6.09

 
O cheiro do seu cabelo


─ Vou ficar rico.
─ O quê?
─ É, coisa de milhões.
─ Ah, tá. Claro. Nesta encarnação ainda?
─ Sim, vendendo o cheiro do seu cabelo.
─ Xi, pirou de vez.
─ Tá tudo na minha memória. Todos os componentes químicos.
─ E vai vender pra quem? E pra quê? Por quantos centavos?
─ Ué, pra uma multinacional. Chanel que se cuide. Boticário então, nossa, é falência na certa.
─ Interessante... E usará a grana pra sair do hospício?
─ Que nada. Quando a primeira mulher experimentar e falar pra amiga e contar pra prima e espalhar no bairro, a gente tá rico.
─ Tá, digamos que consiga copiar. E daí?
─ Como e daí? Se todo homem sentir o que eu sinto, todas vão ficar alucinadas pra usar esse perfume.
─ Legal. Bom mesmo.
─ Genial a ideia, né?
─ Sim, muito. E todas terão meu cheiro? E você vai me trocar por qualquer uma, já que não haverá diferença? E o mundo ficará insuportavelmente igual?
─ Que nada. Aí pegamos a grana, compramos uma ilha deserta e só a brisa do mar vai se lamentar de perder pra você.

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