2.12.09

 
A edícula do inferno


Morar é modo de falar.
Na verdade a gente tenta sobreviver neste cortiço onde onze infelizes, ratos, baratas e desgraças vieram parar após mendigarem pelas ruas sem encontrar lugar melhor que o esgoto.
E o esgoto tá logo ali do lado. É o rio que banha esta nossa cadeia. Tem gente que não entende como aguentamos viver aqui com esse cheiro, mas nem sentimos mais. Está tão impregnado na pele que sai no suor. E serve como uma marca. Sempre sabemos quando um de nós está por perto.
Brigas, facadas e assassinatos fazem parte do nosso dia a dia. Além de ser um bom método de controle populacional, também nos poupa de ver os jornais.
A vizinhança? Ah, não podia ser melhor. E não é. Todos traficantes da pior espécie. Mas ficamos seguros e livres de roubo com eles aqui (supondo que haja algo pra ser roubado).
O aluguel do quarto? Pô, pra você é baratinho. Não vamos cobrar nem a comissão da imobiliária. Porém, o pagamento é adiantado. E sem devolução.

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