12.1.10

 
20 anos depois


No rosto, as marcas do tempo só não lhe chamavam mais a atenção do que os olhos, que pareciam refletir a frase: “é, sei que envelheci”.

Seguida por outras que não costumava ouvir (o que seria da educação sem a falsidade?), mas certamente acostumou-se a adivinhar: “nossa, como você mudou”; “acho que não lhe reconheceria mais”. Todas diferentes, mas lembrando a mesma coisa (sim, eu envelheci).

O assunto muda e continua: não casou; não teve filhos; namorou quatro ou cinco vezes (foram melhores do que eu? Fizeram-lhe mais feliz?). Tudo orbitando eternamente no macrocósmico assunto “o tempo passou”.

Começam a conversar sobre o que foi (naquela época juraram que seria pra sempre) e o que poderia ter sido (quantos filhos teriam, onde morariam...).

No final, após não reconhecer a imagem que guardou (sonhou?) na memória, um “vamos marcar alguma coisa” tão esquálido quanto o desejo de nunca mais receber essa visita do tempo.

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