3.5.10
Não há mais paisagens no fundo do mar
Flutuando nas águas verde-buziosinianas da praia de João Fernandinho, se esquece da vida, pensando na vida:
na caipirinha com limão e kiwi que era a melhor que tinha tomado até hoje;
na australiana que experimenta castanha de caju e fala que é muito “nhame-nhame”
(e como ela é que era muito “nhame-nhame”);
no mar puxando;
nas férias acabando;
(puts, será que não vou ficar com ninguém aqui?);
no emprego chato
- o mesmo há dez anos
- com o mesmo salário
- o mesmo pessoal falso
- o mesmo chefe escroto
- a mesma vontade sempre adiada de pedir aumento
- as mesmas broncas que recebia e adiavam a vontade adiada de pedir aumento;
nas contas a pagar;
nas brigas de família;
(no mar puxando mais...);
nos peixinhos da praia (quede isso no Guarujá?);
de como era bom ficar boiando ali;
na caipirinha que tomaria com a sereia australiana nos próximos dez anos de férias eternas;
((no mar puxando bem mais...));
(...)
mas
mAs
mAS!
MAS!
(...)
MAS!!!
(...)
maS
(...)
mas
não há m is
pais g s no
fund...