26.5.10

 
“Vanessa, tire o véu da inocência”*


Esses dedos me carinhando, com movimentos algebricamente estudados, parecem bem mais do que cinco nos seus quíntuplos desejos escondidos.

Sem olhar seu rosto, adivinho sua cara angelical arquitetando mil coisas, com a ingenuidade típica de uma criança perversa e a inofensividade de uma cobra-coral à espera do bote, ou, no seu caso, dote.

Mas qual dote?! Este apê que tá mais pra impagável do que impecável? Um carro que gosta mais do mecânico do que de mim? Uma carreira tão incerta quão o seu amor?

Não sei. Certamente nada que mereça bandeja de café da manhã na cama e sanduíche recheado da mortadela da cobiça e margarinizado em demasia. Ou seu sorrisinho permanente e esse sim pra tudo e não pra nada.

E agora, vestida a caráter (o mesmo que lhe falta) na sua hipnotizante dança do ventre, me encara equilibrando na cabeça a faca do destino.

Vanessa, tire o véu da inocência e parta logo antes de me partir!


* Verso da música “Vanessa e o véu”, da banda Sua Mãe.

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