6.10.10

 
Cela de menor II


Não sei o que vai ser de mim.
E problema deles se eles também não sabem.
Eu, a “menina do Pará”, virei a garota que não para em lugar nenhum.
A criança-problema recusada por vários estados.
Querem me prender em clínicas de viciados? Eu fujo.
Querem que eu fale que eles me protegem? Não finjo.
Querem mostrar que o governo cuida bem das crianças? Eu cresci!
Com 18 anos, subi na vida. Não sou mais um “problema de menor”. Sou dona de mim. Dessa merda de vida de bosta. Que é uma droga, mas é minha agora.
Tô nem aí se a clínica tinha piscina, sauna e cinco rangos por dia.
Sou mais a cracolândia. Onde as pedrinhas custam apenas um programa. Cincão por dez minutos. Tá... Três quando tô muito noiada.
Mas geralmente pagam cinco mesmo. Os caras de lá me dão valor. Ao contrário daqueles 26 da cela que me estupraram de graça. Todo dia. Égua... Por 26 dias.
Hoje ganho pra ser estuprada.
Aqui na Ceilândia, eu é que sei de mim.

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