12.11.10

 
A sombra da minha sombra


Queria me eclipsar em você.

Sabe esses eclipses ultrararos que acontecem só de milênios em milênios? Desses daí. Estaríamos juntos muito mais do que agora pelo simples fato de que seríamos um só corpo em perfeita conjunção astral.

Somaríamos nossas luzes ─ a sua bem-muito maior, é claro ─ e formaríamos um clarão tão galaxialmente branco que iluminaria tudo o que estivesse a anos luz de distância à nossa volta. Seus feixes-tiros rasgariam a noite fuzilando todos os que nos transladam com sua mediocridade opaca. Sua desconfiança sombria. Sua inveja negra.

Ao contrário dos outros, nosso fenômeno duraria pra sempre, fazendo vir à luz temores que, uma vez revelados, tremeriam eles de nós. Descobertos do breu que houvéramos sido, perderíamos a razão e daríamos à luz a sonhos prenhes da energia do que geramos de melhor.

Mas, justamente por tudo isso, seu brilho me cega.

Acho melhor sair e apagar a luz.

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