23.12.10

 
Luzinhas


Sobe-a-Augusta,-dobra-na-Paulista e tenta caminhar até o ponto de ônibus desviando das pessoas, dos camelôs, do tumulto, da euforia com o natal cegamente reluzente nos prédios-enfeites que atraem olhares, sorrisos, “ohs!”, flashes e pessoas vendo o natal transformado em zilhões de pisca-piscas que formam ursinhos que viram pinguins, que viram pássaros, que viram morcegos, mas não, eles não viram isso, só o mau humor dele vê isso e o trânsito parado ─ a Paulista está ali, mas sumiu: quase impossível chegar ou sair dela ─ e o ônibus vindo e o ônibus parado e mais tempo sendo forçado a olhar as luzinhas e o clima natalino e os faróis dos carros que buzinam pros pais-crianças-sogras que param pra tirar fotos das luzes vermelhas como as cotações da bolsa, como o preju que teve, como seu saldo no banco e lembra das contas a pagar – a de luz! ─ e quer chegar à sua casa, só quer voltar logo e entrar no quarto, fechar persianas, cortinas, porta e fechar-se todo na escuridão total.

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