18.3.11

 
I - Terremoto


Sob nossos pés já não sobrávamos sobre nós.

Nem tampouco ao lado deles, esses cinquenta, setenta e cinco, noventa e poucos (poucos?) que ficaram pra trás, ou abaixo ou empilhados, que aumentam em progressão geomórtica e que serão só lembranças (doídas, doidas, mas só lembranças) de algo que poderíamos ser se agora (97) fôssemos nada.

Mas somos quase isso, restos-pedaços-tentativas de seres perdidos entre pontes caídas, estradas bifurcadas pelo horror, prédios-entulhos quase Lego feito pra brincar, mas brincar de quê? Isso lá é brincadeira que se (166) faça?

Não, não é, mas aqui, neste ponto da Terra, neste monte de terra que nos soterra, o mundo resolveu trincar-quebrar, com suas placas tectônicas brindando à morte (319) em constantes tintins cujos estalos estrondosos silenciam tudo.

Por que aqui? Segunda Guerra, Hiroshima, Nagasaki? Por que aqui? Terra quase sem terra, comida, minérios, frutas, petróleo. Por que aqui? Trabalho, sofrimento (628), disciplina, dor.

Por quê? (940)

Comments: Postar um comentário



<< Home

This page is powered by Blogger. Isn't yours?