10.4.11
IV - Comboio decasségui
A gente (nós?) nunca foi da sua rua, seu vizinho, não fala sua língua e tinha-tem (por enquanto) uma vida (7.411) bem diferente da sua.
A gente era brasileiro até chegar aqui e não parar de trabalhar e mandar dinheiro pro Brasil e trabalhar-trabalhar e ter saudade e trabalhar-trabalhar-trabalhar e querer comer só (?) um bifinho-feijão-arroz (cadê?) e achar que Tóquio tem a melhor feijoada do mundo (porque a saudade daí é a maior do mundo) e trabalhar-trabalhar e chorar ouvindo qualquer música do Brasil (até Ivete Sangalo) e não ter pátria e não ser nós (8.155) e sim outra coisa assim decasségui.
Essa vida miserável que a gente criticava, com tudo de ruim que tinha, com o pouco bom, mas muito bom que tinha, com os políticos que tem-sempre-terá, que quase acabou aqui, que era pouca-porém-nossa, sem terremotos e prédios caindo feito dois palitinhos no prato, essa vida que a gente quer de volta.
Voltar urgente-(9.322)-agora-já-demorou pra nossa terra, terra, terra-CHÃO!