4.5.11
O alvo é a paz
Em busca da paz, esgotaremos nossos esforços e reforços para que ela paire e pare sobre nossas cabeças num instante tão eterno quanto um míssil teleguiado que esqueceu o endereço.
Flertando com ela, no cio e a ponto de explodir, eclodiremos de êxtase e arrombaremos a estase de suas vidinhas modorrentas bombeando o gozo da vitória napalm da mão de um tratado mútuo de cessar-fogo imposto à queima-roupa.
Mataremos diplomatas com a diplomacia e o carinho que nossa democracia exige, nossa mídia de merda louva e nosso povo não reprova.
Para que ninguém se esforce em atingi-la ─ até porque ela está-aí-sempre-esteve ─, perseguiremos a paz apaziguando terroristas e tocando o terror em tudo, não importando que também sejam abatidos inocentes e desavisados sem nenhum aviso-prévio.
Qualquer micróbio que ousar nos enfrentar será aniquilado com a precisão de uma bomba atômica, seguida de mil desculpas retóricas pelos milhões de mortos a mais.
Sob a paz, ficaremos enfim em guerra só conosco.