14.9.11
Minicontos fraseados IV
(Retrospectiva dos 5 Anos)
Tudo o que passa diante dos meus olhos me cega.
Petrificar mais a pedra que esse coração virar.
Fazer das tripas coração para que o coração seja cada vez mais tripa e menos coração.
Transformar os mais sangrentos boletins de ocorrência em canções de ninar.
O que, sentido, grava-se na pele e pode ser lido em braile.
Media sempre as palavras, mas mesmo as pequenas não cabiam em si.
HORIZONTAIS: 1. Briga; 2. Ambulância; 3. Hospital; 4. UTI; 5. Imprensa; 6. Assassinato; 7. Delegacia; 8. Presídio; 9. Suicídio; 10. VOCÊ.
Pílulas do dia seguinte tomadas quase todos os dias.
Abortos a céu aberto.
Noites sumidas com gente desencontrada.
E o grande ápice: conseguir transformar uma droga de vida numa vida que é só droga.
A cartela vazia de calmante dormindo feliz no chão por não ter precisado esperar dar meia-noite.
Antes não cabíamos em si de tanto descabimento.
Minha consciência não está à venda. E nem a venda está em mim.
Cada um tem o para-raios que merece.