30.1.12

 

Palace 3


Como predito, nossos prédios já nascem predispostos ao fracasso.

Do alto dos seus engenhos (senhores de engenho), eles tendem ao chão nas suas ânsias sãs de voltarem ao pó, verterem lágrimas e concretarem destinos.

São arranha-céus feitos por engenheiros-dinheiros que arranham vidas, arruínam pessoas e ruminam futuros.

Feitos de concreto, quedam-se virtuais na sua segurança debilitada, no seu desabite-se e na sua propina fundadora.

Travestidos de palacetes, empalam-nos e palafitam-se ao vento de assopros fiscais, prefeituras desedificantes e governos desgovernados.

Ao construí-los, destruímos este país que desde cedo cedeu sua sede aos que têm sede de poder.

Ao destruí-los, construímos nossas covas rasas de corpos cheios de entulhos.

Ao reconstruí-los, refundamos nossa obra de dejetos a céu aberto.

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