24.1.12

 

Titanic mon amour


A bombordo, só ficaram bons moços transbordados de bons modos.

A estibordo, só restaram os que tinham medo encharcado de frágil.

À frente, um capitão que deu pra trás.

E que não sou eu nem nunca fui.

Por mais que minhas roupas impecáveis brancas bancassem, que as insígnias sem sentido significassem e que toda a tripulação fosse tripudiada por mim.

Não.

Não sou capitão, nem comandante, nem marujo sujo de consciência limpa.

Minha missão naquele navio não era dar o bote a todos, mas dar o bote na primeira oportunidade.

E ser o último a sair só nos sonhos daqueles que nunca tiveram a vida naufragada pelos mares salgados e negros da realidade.

Muito menos dar lição de moral em capitanias de portos chafurdados por porcos ansiosos em se tornarem heróis.

O “Vá a bordo” não era uma ordem acertada pra ser dada nessa desordem do mundo.

Mas também não sou esse Schettino covarde que essa mídia de merda moldou.

Sou só um mero ex-cretino.

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