22.3.14

 
Os postes


Nossos não-pescoços amarrados com cobre enforcando os pobres nos postes são odes que cantam tudo o que o podre poder pode.

A não-justiça que fazemos com nossas próprias mãos são meros grãos de seres não sãos diante do estado que o Estado nos deixa.

A Rota que não seguimos arrota a arrogância de nos sabermos imunes a essas tortas veias aortas que cataratam nosso não-sangue ianque até que estanque.

Nossas cidades-luz, no auge dos apagões de humanidade, nos conduzem à Idade das Trevas que ilumina e extermina esses negros seres de vidas apagadas.

Jogar luz sobre eles, pregá-los na cruz ou banhá-los de pus é o dever que cumprimos com o orgulho de ver menos um dos não-nossos querendo atar-se entre nós.

Entre os fios e meio-fios pelos quais nossos filhos não passam, fia-se a ordem da desordem que esses covardes mordem até asfixiarem-se.

Clareados por esses postes, enxugamos o suor dos linchamentos, enxergamos o ponto de fuga e sugamos da justiça a luz que nos sangra e cega.

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