3.3.15

 
Insônia



Entregues por um motoboy fantasma, drones sobrevoam minha insônia como discos de pizza gordurosos que pingam óleo fervente na minha cabeça.

À conta, errada como sempre para mais, somam-se pesadelos que nem vieram, mas se fazem presentes na certeza onírica de que o pior piorará.

E não há como e nem porque pagar.

Qual a dívida? Quando a contraí e por que ela tanto me retrai?

Como digerir a angústia que se oferece se impõe! fria na sua quietude ardilosa que vai queimando a bílis que escurece tudo?

Por que mastigar esse destino indeglutível que mais se avoluma quanto mais se apequena?

Quem traçou essas bem estraçalhadas linhas que me estilhaçam e convergem todas para a divergência?

Mal enfronhado num travesseiro que inveja bigorna, tento, tento, tento ainda tentar.

Mas para quê? Pra quem?

Dormir não é a solução: preparadas para cumprir a sua função, novas insônias nunca adormecem em seus postos de batalha.

De tudo, restam só o ronco e o eco oco de quem se julga inocente.

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