22.7.15
Dia de faxinar sonhos
Eles eram tão meus, reais, inocentes, justos e promissores que
mereciam continuar dormindo ali tranquilos sobre o travesseiro para acordarem
bem quando estivessem prontos pra revolucionar tudo.
Sem nada que ameaçasse seus sonos roncadores de quem brada
ser a última das esperanças após a guerra de pesadelos zumbis e suas insônias sonâmbulas.
Bem guardados e a salvo de perigos e ruídos externos, eram
ainda mantidos em temperatura ambiente e acarinhados de hora em hora para cumprirem
a justa missão de me despertar pra vida.
Mas talvez fossem muitos pra se ladearem sem nenhum conflito
que revelasse desejos reprimidos, medos premonitórios ou bolores que, apesar do
crescimento lento e constante, passaram despercebidos até do movimento rápido
dos olhos.
Ou talvez eu os enxergasse e preferisse ficar cego.
Até o dia em que, de tão mofados, entraram em coma induzido.