15.9.15

 
O X da Xenofobia II


De onde viemos, pouco importa pra onde vamos, já que partir é muito mais importante que ficar.

Na bagagem (que não temos) levamos só o que restou dos nossos corpos mal despachados e sem identificação.

A pátria que nos deu um nome o roubou quando se viu perdida nessa situação inominável. Fizemos um pacto: já que fomos esquecidos, a enterramos em nossa memória antes que ela nos enterre pra sempre.

Mesmo assim, sabemos que ao chegar, se chegarmos, seus cães farejadores adivinharão a bandeira dela em nossa testa, como um Canal da Mancha manchado de sangue tipo O proibitivo.

E seus policiais mirarão cabeças boiando na linha tênue que separa o mar do amargor.

Ou pior: suas cinegrafistas, num verdadeiro drible de porco, registrarão a rasteira da história.

Mas ainda estamos longe: após centenas de corpos caídos, jogados ou regurgitados aqui, aí, daí, dali, por aí e acolá nesse tsunami social, está acabando nosso prazo de terra à vista.

E já não vemos saída na sua porta de entrada.

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