19.6.18
A tempestade não
derrubou meus fracassos no varal
As gotas brotoejas explodem no chão e cavoucam crateras
escorregadias como um tobogã lambuzado de sofrimentos.
E me puxam como ímã. E me afundam mais.
Meus ecos, que nunca foram ouvidos, agora nem por mim.
Silêncio gritando de lado a lado.
Meus fracassos, todos, todos, todos lá, sambam como
porta-estandartes da agonia, levando dez com distinção e louvor nos quesitos
desarmonia e involução.
Já não há mais juízes nem juízo.
Pior: nem o juízo final.
Respingando a umidez eterna dos ressentimentos, os
fracassos, vitoriosos que só eles, me afogam e refogam com suas bílis negras incessantes.
Como me lavar se as lavas me levam?
Como me lavrar se os fracassos têm firma e forma autenticadas
em cartório?
Que alvejante usar se o alvo sou só eu?
No final, fica a certeza de que meus fracassos continuam lá.
Balançando felizes como outdoors da minha desgraça.