28.10.18
Fascistinhas
Primeiro, para
diferenciá-los de nós, os pintamos de vermelho.
Vermelho ódio,
vermelho roubo, vermelho sangue.
Depois, deixamos
os fascistinhas sem comer por dez dias.
Quase morreram
de fome, mas era a fome do bem, justificada em nome de uma boa causa. E eles
iam lá e mordiam os vermelhos até manchá-los de vermelho morte. Cor difícil de
desbotar.
Os fascistinhas,
alegres que só, abanavam os rabos feito ventiladores de teto e pediam mais
sangue.
Nisso, pensamos:
por que não os azuis também?
Já mais fortes,
eles conseguiram pular os muros e trituraram os azuis.
Missão cumprida.
Mas ainda
sobravam os outros que insistiam em ostentar bandeiras de cores diferentes da
nossa.
Pior: se
orgulhavam em mostrar a pele com cores contrárias à nossa.
Que sempre
tivemos a cor certa; é claro.
Muito maiores
agora, os fascistinhas fizeram a limpeza perfeita.
Dizimaram tudo.
Só não nos
pegaram ainda porque nós, que somos e sempre fomos gente do bem, nunca roubamos
nada.
Logo nós, os eternos furta-cores.