22.6.21

 

O curioso caso de Benjamin Botão

 

 

Nasço?

 

Nasço, não.

 

Apenas renasço.

 

No eterno recomeço que mesmo antes de findar finda seu próprio encerramento.

 

Contínuo 8 ou 80 ou 800.

 

Hoje velho, apoiado na bengala e desapoiado pelas dores.

 

Amanhã novo, sambando na navalha e destroçando amores.

 

Depois, a meia idade das experiências inteiras.

 

Após, a pré-adolescência das certezas passageiras.

 

E então, o bebê que nina a si mesmo já sonhando com as insônias futuras.

 

Aí, o tiozão sessentão que faz troça com a bela moça que passa, mas tropeça na poça das suas lágrimas de desgraça.

 

Anos de um calendário em que os dias viram meses, que voltam pra minutos, que se transformam em décadas apequenadas no zás-trás de cada segundo.

 

O tempo que eu levo pra ser eu seculariza a minha eternidade em milésimos de recomeços.

 

Anos-luz de trevas e clarões.

 

Foi, é e será assim.

 

Semente? Não.

 

Só germino o futuro pra frutificar o passado e colher meu presente.


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