6.9.21

 

E o sorriso suave que esse cuidar lhe traz


Ouço. 
Cada passo me desperta mais.
Cedo pra nossa nova sessão.
Tempo aqui nem dá pra saber.
Sem querer lembrar, meu corpo todo é só lembranças. 
Fala por si.
Grita tudo o que eu não posso falar.
Você chega.
Já?
Meus calafrios dizem: sim.
No prato a “comida” de sempre.
Nem lembro mais se um dia teve tempero.
Se foi quente.
Não importa.
De tanto contato com você, meus dedos perderam o tato.
Olha pra mim comendo como quem alimenta um tsunami.
E escolhe a melhor cadeira de praia pra ver a desgraça acontecer.
O bolor da comida me enjoa.
Larvas escorrem pelos dedos.
Sei que pôs cada uma com todo o “carinho”.
O mesmo carinho com que corta minhas unhas.
Mais.
E mais.
E mais.
A depressão tá tão encravada em mim que nem sinto dor.
Só queria uma palavra sua sobre o porquê de tudo isso.
UMA que fosse.
Seu silêncio dói bem mais em mim.
Não tenho forças pra nada.
Antes de desmaiar de novo, vejo a felicidade no seu rosto.
Por cuidar de mim assim.
E o sorriso suave que esse cuidar lhe traz.

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