14.1.22
Como é melhor aquele verso que não podemos recordar
Sua lembrança na neblina nevoa meus pensamentos.
Sentimentos que pairavam no ar param de pairar e seguem a me pirar.
Congestionamento de recordações que diminuem a cada ágio e pedágio da dor.
Cancela que não nos deixa passar sem sermos cancelados também.
Sai muito caro não ter pra onde ir, de onde partir e com quem repartir.
Nas mãos, seu carinho me escorre pelos dedos que gelavam à sua presença. E na sua ausência, o manto úmido da saudade nunca aqueceu quem se derretia por você.
Tateio a memória.
Mas ela só tatua em mim a jura do seu esquecimento.
Nem laser apaga os nomes que escrevemos na pele e inscrevemos nas lembranças.
Reescrever o passado abreviaria o futuro de tê-la mais presente?
Como era mesmo aquele verso inesquecível que eu fiz pra você?
O verso que cantávamos quando o mundo nos era adverso pra provar que de tudo éramos o reverso?
Deixa pra lá.
Melhor esquecer.
Linda leitora, caro leitor
(se os há),
O primeiro miniconto de 2022 é especial (se o há).
Depois de um ano em que dançamos pas-de-deux no abismo, ele vem até com fundo musical da canção que o inspirou: Vete de Mi, de Homero Expósito e Virgilio Exposito, na voz tonitruante do cubano Bola de Nieve.
https://www.youtube.com/watch?v=_xuWNje8xss
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